Uma saída na altura do quilômetro 157 da BR-101, sentido Sul, dá acesso a uma rua de terra ao lado de um posto de combustíveis onde, há alguns anos, um avião está estacionado e serve de restaurante. Uma reforma recente — das tantas pelas quais já passou — deixou o aeroplano com bom aspecto. Está pintado em azul e amarelo vivos.
É necessário alguma perícia do motorista, que sai da velocidade da rodovia e precisa reduzir drasticamente para vencer a curva à direita. A estrada de terra leva a dois bairros rurais — Sertão de Santa Luzia e Sertão do Valongo — e também à vizinha Tijucas. Pelo caminho se veem algumas casas simples, pequenos sítios, fazendas e o campo de futebol atrás do Supermercado Cláudio (em surpreendente mau estado — há pouco tempo, havia um gramado ali).
Depois do centrinho do Sertão de Santa Luzia, a estrada segue sinuosa até uma bifurcação. À esquerda se vai para Tijucas; à direita, o caminho leva ao Sertão do Valongo (para muitos, “Sertão dos Pretos” ou “da Miséria”). A placa indica: daqui, são mais seis quilômetros até o bairro que contrasta imensamente com o imaginário atribuído a Porto Belo, no qual figuram as praias paradisíacas, a ilha João da Cunha e o movimento do verão no Caixa D’Aço. Neste lugar, o movimento é quase nulo. Quem vive aqui é uma comunidade predominantemente negra, que há algum tempo foi classificada como remanescente de quilombolas. “Coisa de jornalista”, desconsidera seu Carlinhos, o nosso entrevistado.
Em sua morada, uma casa verde, de madeira, erguida do chão por pilares de pedra e cercada de pasto e plantações, é onde o encontramos. O endereço fica a pouco mais de 500 metros da igreja adventista que corresponde ao coração da comunidade. O terreiro ainda abriga um galinheiro, uma garagem onde o proprietário guarda seus implementos e um trator, atualmente em desuso.
José Carlos Caetano, 58 anos (faz 59 dia 26 de abril), é um homem negro, talvez um pouco acima do peso, com olhos expressivos e um largo e fácil sorriso, no qual se nota a falta de alguns molares. Recebe-nos enquanto trata de suas criações. Logo que nos cumprimentamos, ele assume o posto de diretor da reportagem: “Tira foto desse trator”, “vou soltar as galinhas, aí tu bate foto delas saindo do poleiro”, “vamos ali pra tu me fotografar colhendo um cacho de banana”, comanda, encenando a rotina que cumpre quando não está a serviço da Secretaria de Obras do município de Porto Belo, fazendo a limpeza das ruas do centro da cidade.
Depois de tratar do gado e das galinhas, ele nos conduz até um rancho na propriedade vizinha, que pertencia ao sogro, falecido há quatro anos. Ali encontramos mais equipamentos agrícolas dos quais seu Carlinhos parece se orgulhar: uma velha máquina de moer capim, uma carroça e um carro de boi, sobre cujo cambão ele se senta para nos contar a sua história.
Os pais chamavam-se Valdemar Marinho e Maria da Costa Caetano. Ambos nasceram neste sertão, assim como os pais deles. Daí para trás, José Carlos não sabe traçar os caminhos dos ascendentes. Durante a escravidão, boa parte das famílias negras foi separada, fazendo com que suas origens acabassem se perdendo. Talvez seja esse o caso dos Caetano e dos Costa, sobrenomes que, somados aos Faial, compõem a comunidade negra do Valongo.
Do que sabe, ele conta que o avô paterno foi um colono que tinha uma produção respeitável. Colhia muito arroz, feijão e banana. Possuía criações de gado de leite, ovelha, além de engenhos de cana e de farinha. Depois da sua morte, as coisas complicaram um pouco. Para criar os sete filhos, Valdemar passou a trabalhar “de alugada” para outros produtores. Integrados a essa realidade, seus meninos precisaram labutar desde cedo.
Assim, aos oito anos, Carlinhos já ajudava “mamãe” — como se refere a dona Maria — a rachar lenha. E logo nessa idade ele ficou marcado na carne: depois de uma manhã de trabalho, a mãe pediu-lhe que fizesse fogo enquanto ela recolhia a roupa. O menino colocou querosene nos cavacos de lenha e riscou um fósforo, mas a labareda foi maior que o esperado e acabou incendiando a manga de sua camisa, resultando numa dolorosa queimadura, cuja cicatriz ele carrega até hoje.
A ferida passou e a vida seguiu, sem tempo para brincadeiras, pois a roça exigia o engajamento de todos. Como fosse o primogênito, Carlinhos nem pôde estudar, ainda que houvesse escola no bairro, porque era preciso auxiliar no sustento dos irmãos (como resultado, hoje ele apenas assina o nome). E as coisas ficaram ainda mais difíceis quando, por “uma infeliz sorte”, seu Valdemar faleceu, aos 55 anos de idade. Pouco depois, dona Maria sucumbiu a um câncer de mama. “Naquele tempo, era difícil. Era só em Florianópolis que atendia. Era um trabalho pra gente ir, não tinha carro da saúde pra levar”, lamenta.
Órfãos desde então, os irmãos precisaram assumir sua própria criação. Além dele, havia Daniel, Valter e Afonso, mais Mariazinha, Dorli e Regina (Dorli é a única dentre eles que vive fora do Valongo – em Corupá, a 22 quilômetros de Jaraguá do Sul. Mariazinha já morreu).
Os pais se foram, mas deixaram terras, que os irmãos seguiram cultivando e explorando. Além do plantio e da criação de gado, havia muita madeira para extrair. De lei, como canela e peroba, e nobres, como jacatirão e licurana.
“Quando chegava o final de semana, todos os carros de boi iam pra Tijucas vender as mercadorias e comprar comida pra trazer”
Ao longo de sua existência, Valongo manteve uma relação comercial mais estreita com Tijucas do que com o centro de Porto Belo — do qual é separado por 20 quilômetros de estradas que, por muito tempo, foram pouco mais do que uma trilha lamacenta. Até Tijucas, entretanto, são apenas cinco quilômetros.
Por essa razão, toda a produção da comunidade foi direcionada ao município vizinho. Palmito, banana, madeira e lenha. “Quando chegava o final de semana, todos os carros de boi iam pra Tijucas vender as mercadorias e comprar comida pra trazer”, explica o valonguense. Do mesmo modo, quem não trabalhava no bairro procurava emprego lá, assim como buscava socorro numa emergência de saúde. Tudo isso fazia as pessoas pensarem que o Valongo pertencia à “Cidade do Abacate”.
Por volta do início dos anos 1990, o corte de árvores nativas foi proibido. Atualmente, só se permite a extração de madeira de manejo, o que explica a ascensão das plantações de eucalipto pela região, porém, naquela ocasião, a aplicação da lei ambiental fez com que uma parte importante da economia dos moradores deixasse de existir, obrigando-os a procurar outras opções de renda.
Por outro lado, nessa mesma década o Valongo acabou sendo “descoberto” por Porto Belo. Isso ocorreu de certa forma em função da emancipação de Bombinhas, em 1992: reduzido a menos da metade do seu território e alijado de suas melhores praias, o município precisou voltar os olhos ao que havia restado. Foi assim que enxergou a comunidade de ascendentes de escravos vivia isolada do outro lado da BR.
A notícia da existência de um “quilombo” no litoral norte chamou a atenção da imprensa estadual. Em sua edição de 17 de outubro de 1993, o Diário Catarinense informava sobre a “vida da única comunidade exclusivamente negra de Santa Catarina”: “São cerca de 15 famílias, descendentes de escravos, que vivem da roça e têm sonhos nada pretensiosos”, descreveu a reportagem. Em 1998, o DC produziu uma série sobre a vida dos ascendentes de escravos no Estado e, na edição de 27 de maio, revisitou a comunidade portobelana: “Valongo é o espelho da miséria”, destacou a manchete, cuja matéria começava com “O Nordeste também é aqui”.
Tom similar foi adotado pelo Jornal de Santa Catarina, que na edição de seis de junho de 1999 observou que a comunidade “praticamente desconhece a palavra civilização”: “De origem afro-brasileira, hoje no sertão não existe ninguém que saiba dizer como iniciou a comunidade ou se alguém possui algum parentesco com ex-escravos”, concedeu a reportagem. A Notícia, por sua vez, na edição de 21 de março do mesmo ano, contava como “Desiludidos, os jovens abandonam a produção”: “O drama de Valongos (sic) é o mesmo de outras comunidades negras do Estado. Com dificuldades para manter a produção (no caso, da banana) e carência de escolas, os mais jovens são obrigados a procurar trabalho na localidade de Tijucas”.
A notoriedade recém-adquirida trouxe o poder municipal para mais perto do povoado. Serviços foram implementados, como posto de saúde, iluminação pública e água encanada. A Prefeitura também passou a absorver a mão de obra dos moradores. Em 1999, ainda segundo a reportagem do Santa, 98% dos homens da comunidade (composta de “cerca de 100 pessoas, divididas em 25 residências”) trabalhavam como operários braçais para a Secretaria de Obras do município.
Entre eles, estavam os três irmãos de Carlinhos que, aos 41 anos de idade, relutou em sair do bairro para fazer algo diferente da agricultura à qual estava acostumado. No entanto, nessa época, tinha esposa e filhos para sustentar e sua produção já não dava conta. Assim, ele seguiu o caminho dos mais moços, o que significou acordar bem cedo toda manhã e caminhar uns oito quilômetros até o “encruzo” no Sertão de Santa Luzia e pegar uma condução em direção ao centro da cidade. “De tardinha as mulheres mandavam buscar nós de carro de boi. Às vezes a gente vinha de pé”, lembra. A situação só mudou por volta de 2000, quando o transporte coletivo finalmente chegou ao Valongo – atualmente, uma van é responsável por levar e trazer diariamente os treze homens que trabalham no setor de obras da Prefeitura.
Carlinhos começou a namorar Neli Isabel Faial, hoje com 52 anos, em 1974. Ele tinha 16 anos de idade, e ela, 13. Conheciam-se dos cultos que ocorriam nas noites de quarta e domingo na igreja adventista do bairro e também dos serões de mandioca, quando toda a comunidade se reunia para raspar o tubérculo nos engenhos de farinha. “Aí a gente pegava a bater os papinhos da gente”, sorri.
A presença da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Valongo é, aparentemente, anterior aos anos 1930. Em sua dissertação de mestrado em antropologia social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – “De negros a adventistas, em busca da salvação: estudo de um grupo rural de Santa Catarina”, de 1990 –, a professora Vera Iten Teixeira relaciona o início da conversão dos moradores ao adventismo com a passagem de um “compoltor”, um vendedor de literatura religiosa, pela localidade. “Este homem fez contato com algumas pessoas do sertão, pernoitou no lugar e mostrou alguns dos livros que trazia”, relatou a pesquisadora.
O desconhecido mostrou-se um evangelizador eficiente e a semente que plantou aos poucos deu frutos. Uma por uma, as famílias do Valongo aceitaram a nova fé, o que significou uma mudança de costumes radical: os bailes que eles tanto apreciavam (havia um salão no lugar e era comum os mais festivos percorrerem o longo caminho até Brusque apenas para dançar e se divertir) já não eram tolerados, nem o fumo ou a bebida, e o sábado se tornou um dia de descanso e contemplação espiritual.
É de se imaginar que o passar das gerações tenha afrouxado um pouco o cumprimento dos preceitos, especialmente entre os mais jovens. José Carlos se enquadrava nessa linha “progressista”, pois não seguia os princípios à risca. Era “aventureiro”, dado a passeios, a participar da farra do boi e aos bailes, que frequentava em Tijucas. Por isso, Isabel Faial, mãe de Neli, não fazia gosto do namoro da filha. “Eu, quando era novo, era meio rebelde, não tinha essas ideias que tenho hoje. E ela achava que a gente nunca ia mudar. Mas a gente sempre muda”, pondera.
Dobrando a oposição da sogra, José Carlos e Neli se casaram em 1982. Já são, portanto, 35 anos de união, da qual nasceram Janete Neli (32), Jailson (26) e Regiane Neli Caetano (22). Janete é casada e mãe de Fernanda, de dez anos, até aqui a única neta e a maior alegria de seu Carlinhos. Há um brilho no olhar quando admite que esse amor supera o que sentiu pelos próprios filhos e um orgulho evidente ao narrar como a menina tentou ensiná-lo a ler, argumentando que o avô paterno, sob a supervisão dela, estava progredindo no a e i o u. Mas o agricultor e servidor público docemente declinou, pois acha que já “não tem mais idade pra aprender”.
“É uma cena muito triste a gente perder tudo sem poder fazer nada, mas comigo aconteceu”
Por outro lado, os olhos turvam-se quando relembra sua hora mais difícil. Aconteceu há quatro anos, justo quando experimentava o momento de maior prosperidade: com muito esforço, havia comprado um automóvel e tinha um bom dinheiro guardado. Era o dia 20 de agosto e, como ocorre todo ano, Carlinhos estava de férias. Naquela manhã, ele acordou para cuidar da criação. A esposa e o filho haviam saído para trabalhar. Pôs a chaleira sobre a chapa do fogão a lenha e, enquanto a água esquentava, cruzou a rua para trocar um dedo de prosa com a vizinha.
A certa altura, ela estranhou a fumaça e alertou o amigo. Demorou um pouco até ele perceber o que se passava. Assim que compreendeu que havia um incêndio em sua casa e correu até lá, o fogo já se espalhava. Vizinhos chegavam para ajudar e alguém ligou para o Corpo de Bombeiros. Mas não havia muito o que fazer. “É uma cena muito triste a gente perder tudo sem poder fazer nada, mas comigo aconteceu”, conclui, com a voz pesada de emoção e grossas lágrimas descendo pelo rosto.
Mas o drama poderia ter sido infinitamente maior: no meio da confusão, seu cunhado chegou perguntando pela filha, que junto com Regiane, a caçula de Carlinhos, dormia dentro da casa. O cunhado, então, derrubou a porta, meteu-se no meio do fogo e resgatou as duas.
Comunidade, igreja e assistência social do município se uniram para ajudá-los, assim como muita gente que soube do infortúnio. Aos poucos, o que se perdeu foi sendo reconstruído, e hoje José Carlos é grato por todo o apoio que recebeu, sentindo-se abençoado pelo fato da filha poder estar hoje estudando educação física em Hortolândia, no interior de São Paulo, assim como a sobrinha, de oito anos, poder desfrutar de sua infância. “A gente tem muito motivo de agradecer a Deus e aos amigos”, enaltece.
A solidariedade demonstrada nesse episódio é uma reação natural dos moradores aos desafios do cotidiano. Em julho do ano passado, por exemplo, seu Carlinhos contou com a ajuda de todos para colher sua roça de mandioca. Três carros de boi foram mobilizados e até os jovens do bairro, em período de férias escolares, puseram mãos à obra, concluindo o serviço em apenas meio dia de trabalho.
Típico das comunidades rurais, esse senso de cooperação é reforçado pelos laços de sangue e pelo histórico do povoado, que presumivelmente foi constituído segundo um ideal de autonomia e distanciamento. Em sua pesquisa, Vera Iten Teixeira situa a ocupação do sertão por ex-cativos em meados do século 19 e sugere que eles vieram em busca de terras devolutas numa região onde pudessem viver isolados dos demais moradores da península (a pesquisadora define o processo como “autossegregação”).
Mas é provável que já houvesse brancos vivendo por aqui. Ainda segundo Vera, desde o final do século 18 vigorava uma lei de concessão de sesmarias para a exploração de madeira que “atraiu para a região os primeiros colonizadores, que se instalaram em diferentes pontos da bacia do rio Tijucas”. É possível, inclusive, conjecturar se esses imigrantes teriam trazido cativos consigo, o que talvez explicasse a presença de afrodescendentes no sertão.
De todo modo, houve um surto de malária que fez com que os brancos deixassem o local. Mesmo assim, não procede a descrição veiculada na imprensa alguns anos atrás, de que o Valongo fosse uma comunidade exclusivamente negra. “O único ente estranho à comunidade é um branco, casado com Noemi Caetano, uma mulher que calcula sua idade em ‘mais de 40 anos’”, anotou a reportagem do DC de 17 de outubro de 1993.
Seu Carlinhos conta que, desde quando era garoto, vivia por aqui “muita gente que não era da nossa família. Gente branca como vocês”. Para ele, “toda vida teve mais branco do que preto”. Há também o relato colhido por Vera Teixeira, segundo o qual “no passado havia um salão de baile, com divisão, onde os ‘brancos’ e os ‘pretos’ não se misturavam, ‘dançava preto com preto e branco com branco, cada um sabia o seu lugar’”.
Na opinião de Carlinhos, nunca houve discriminação. Ele cita o exemplo do campo de futebol do Sertão, onde brancos e pretos sempre jogaram juntos. Entretanto, faz uma ressalva importante: namoro e casamento inter-racial, no Valongo, não acontece (embora ele afirme que sua avó paterna fosse branca): “Aqui nós temos muitas famílias que foram criadas tudo junto. Tudo família de gente branca, que iam pra escola tudo junto e se criavam tudo junto. Mas casar, não”.
É provável também que a presença branca tenha se intensificado nas últimas duas décadas, quando a perspectiva de comprar terras baratas e viver na tranquilidade do meio rural começou a seduzir uma geração aflita com a insegurança dos centros urbanos. Esse “contraêxodo” rural mudou um pouco a paisagem do bairro. Quase em frente à casa de seu Carlinhos há um sítio onde são cultivadas plantas de alto valor nutritivo e um pouco adiante uma estrada foi aberta para dar acesso a novas fazendas.
Nenhuma mudança, porém, esmorece seu desejo de viver até o último dia neste sertão. “Só não vou ficar depois de morto porque não posso”, afirma. Embora admita gostar de trabalhar no centro, onde é visto semanalmente com seus apetrechos de gari, varrendo as ruas no entorno da Praça da Bandeira (seu local de trabalho até a conclusão da reforma que se arrasta por quase dois anos), é no seu chão que se sente mais feliz. A seis anos da aposentadoria (se nenhuma reforma governamental mudar a regra do jogo), tem planos de seguir a vida no ritmo de seus ancestrais, cuidando dos bichos, colhendo para ter alimento saudável na mesa e projetando o dia em que seus filhos herdarão suas terras.
Perguntado se acredita que eles e a neta irão continuar vivendo aqui, acha que sim. Baseia sua suposição em outra mudança que alcançou seu lugar: há mais atividades para os jovens — a maioria promovida pela igreja adventista —, e está mais fácil sair para estudar, fazer amizades e encontrar divertimentos. Cada família possui seu automóvel e todos têm acesso à internet. Sua filha manda-lhe notícias pelo Whatsapp e tudo está mais próximo do que jamais foi. Bom por um lado, inevitável de qualquer forma, são os ares da modernidade soprando pelos lados desta comunidade tradicional — a mesma que, não faz vinte anos, diziam não saber o que era a palavra civilização.
(*) Entrevista concedida em 18 de março de 2017.